Para Dino e Alexandre, insatisfações sociais legítimas também explicam extremismo
Para Dino e Alexandre, insatisfações sociais legítimas também explicam extremismo
Por: Tiago Angelo
Os ministros Flávio Dino e Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, afirmaram nesta quinta-feira (12/12) que insatisfações sociais legítimas também ajudam a explicar os insatisfações com as instituições que, por vezes, se transformam em ataques.
As declarações foram feitas no evento Democracia, Segurança Jurídica e Desenvolvimento Econômico, organizado pelo Instituto de Estudos Jurídicos Aplicados (Ieja), em Brasília.
Segundo Alexandre, regimes extremistas sempre souberam se aproveitar de insatisfações populares para arregimentar pessoas, com a diferença de que o novo “populismo extremista” tenta corroer as instituições de dentro para fora.
“Estamos com um crescimento do populismo extremista muito grande. Um populismo que aprendeu com os erros dos regimes nazista e fascista, e, ao invés de atacar o sistema, vem corroendo o sistema por dentro”, disse.
De acordo com ele, problemas sociais, como a falta de emprego e a concentração de renda, ajudam a explicar críticas de parcela da população contra as instituições. “Em um determinado momento, as democracias começaram a falhar. A concentração de renda começou a ser excessiva (…) Ao incluir todos, a democracia não garantiu emprego a todos. Ao incluir as mulheres e atenuar a discriminação, também se criou uma competição maior e uma diminuição salarial para todos”, exemplificou.
Vida digna a todos ficou na promessa
Para Dino, o Estado não tem sido capaz de cumprir a promessa de garantir direitos e dignidade a todos, cenário que pode se voltar contra as instituições e o modelo político adotado no país.
“Essas obviedades são infirmadas, porque aquilo que representamos não tem sido capaz de garantir direito e dignidade para toda a população, sobretudo para os mais jovens. Nossa geração vive melhor que a dos nossos pais e avós. Ocorre que a próxima geração, dos nossos filhos e netos, não tem a certeza de que viverá melhor que nós, sobretudo pelas dificuldades inerentes ao mundo do trabalho, que são gritantes”, afirmou.
Segundo ele, o avanço tecnológico é bom, ao mesmo tempo que acabou com profissões em alguns setores. “Estamos em um período em que o liberalismo do qual somos filhos, e obrigatoriamente defensores, tem que potencializar sua eficácia, sob pena de perecer em razão desses fatores sociais aqui aludidos. Esse é o principal impasse do nosso tempo.”
Fonte: Conjur.com.br